Na última segunda-feira (10), o governador Helder Barbalho esteve em Brasília, onde recebeu das mãos do presidente Lula o Selo Ouro no Prêmio Selo Nacional Compromisso com a Alfabetização. O momento foi amplamente divulgado nos veículos oficiais de comunicação do governo do Pará – e em outros pagos para este fim – e simboliza que o Pará cumpre requisitos estabelecidos pelo Ministério da Educação. Mas qual é a verdade sobre a Educação no Estado?
Embora a homenagem se refira especificamente à alfabetização, é possível afirmar que o desempenho tenha reflexos também na educação básica no Pará. No ano passado, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), festejou a sexta posição nacional no Ideb do Ensino Médio, onde o Estado ficou acima até da média nacional. O salto foi da nota 3 para 4,3, quando a média pelo Brasil é de 4 pontos.
Mas o que aconteceu para um aumento tão expressivo em apenas dois anos? Simples: a Seduc – sob a gestão de Rossieli Soares – mudou o regime de avaliação. A análise do desempenho de um aluno, se é é aprovado ou reprovado, que era feita ao final de cada ano letivo, depois dessa medida passou a ser feita somente nos anos finais de cada uma das etapas. Nos demais anos, a aprovação é automática.
Assim, o governo do Pará encontrou uma forma de burlar o cálculo do Ideb, que é o resultado da multiplicação do fluxo de aprovados pela nota média da prova do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Só com essa medida, o Pará alcançou o primeiro lugar nacional no fluxo de aprovação no primeiro e segundo ano do ensino médio, por exemplo, marca jamais atingida por nenhum outro Estado na história do Ideb.
Em conversa informal, um professor a rede estadual comentou a nova política e se mostrou preocupado com a qualidade do trabalho desenvolvido em sala de aula. “Essas diretrizes tiraram inclusive muita autonomia do professor na hora da avaliação. Sem contar que a essa aprovação automática é boa para a nota do Ideb, mas péssima para a qualidade do ensino. A aprovação deixou de ser uma garantia de aprendizagem durante o ano letivo”, lamentou.