Marabá vive hoje um cenário político que é realidade em pouquíssimos municípios brasileiros: o governo não tem maioria apoiadora na Câmara Municipal. Essa pode ser uma pedra no sapato de Toni nos próximos quatro anos, mas, para a população, a divergência entre os poderes pode se mostrar bastante vantajosa.
Logo na primeira sessão do ano, um requerimento apresentado em plenário propôs que fossem destinados R$60 milhões para a Saúde de Marabá. O recurso é oriundo de um total de R$115 milhões, dinheiro recuperado a partir do trabalho da CPI instaurada na Câmara para investigar os passivos gerados pela Vale com a operação da mina do Salobo. Esse dinheiro, a priori, seria utilizado em obras de infraestrutura.
A situação delicada em que se encontra a Saúde do município não é segredo para ninguém e, portanto, a proposta não teve dificuldades para conseguir a adesão de todos os 21 parlamentares. Base e oposição, pelo menos nesta questão, trabalharam unidos. “Uma forma que o parlamento achou de ajudar a gestão no enfrentamento dos problemas relativos à saúde foi de remanejar os R$ 60 milhões que seriam para a execução de 24 quilômetros de pavimentação para serem totalmente usados para melhorar nossa saúde”, explicou.
Como justificativa à proposta, os parlamentares destacam que, devido a situação caótica da saúde na cidade, ratificada pelo próprio secretário de Saúde em reunião com a Câmara, é imprescindível a busca de saídas para sanar os problemas.
Por outro lado, o Executivo Municipal ainda não mostrou a que veio. Em quase dois meses de governo, Toni Cunha e sua equipe seguem sem entender qual é o papel da gestão pública. Sem ter feito uma transição de governo técnica, a atual administração parece ter assumido Marabá sem conhecer os problemas do município. Nos primeiros dias como prefeito, Toni orquestrou uma visita midiática no Hospital Municipal, passeou pelos corredores dando ordens, mas até agora nenhum processo licitatório realmente abrangente foi aberto. No portal da transparência, consultado por este portal, os contratos de compras celebrados têm itens como seringa, gaze, coletores de exames. O trivial. Já no HMI, foram 14 vidas perdidas, entre mães e bebês em cerca de 40 dias. Enquanto isso, o prefeito segue fazendo das redes sociais o seu ‘gabinete paralelo’, dando a sensação de que os próximos anos serão de ações pontuais e muito bate-boca.